meditação
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Meditação
Meditação e criatividade
Meditamos para descobrir a nossa própria identidade, nosso lugar no esquema do Universo. Meditando, podemos adquirir e identificarmos nossa conexão com uma fonte de energia interior que tem a habilidade de transformar nosso mundo exterior - além do insight, a meditação nos dá o poder da mudança expansiva. O insight é um conforto intelectual. O poder é uma energia que pode destruir com a mesma facilidade com que constrói.
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Poder e insight somados, resultam em construções intelectuais de base para experienciarmos integridade e exatidão. Daí, podemos aprender conscientemente a associar poder e luz, começando a sentir nossas identidades de direito como seres criativos.
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Engajados na recuperação da criatividade, podemos dar início ao processo de afastamento da vida da forma como a conhecemos. Afastamento ou desligamento ou não-ligação: característica consistente em qualquer prática de meditação. À medida que consolidamos nossa essência através do processo de afastamento, nos tornamos mais capazes de articular nossos próprios limites, sonhos e metas autênticas. Nossa flexibilidade pessoal aumenta, enquanto diminui a nossa tendência a dissipar as energias criativas de investir desproporcionalmente na vida - experienciamos uma noção aprimorada de autonomia e possibilidade, de atenção plena, consciência e relaxamento alerta.
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Ao nos concentrarmos para criar, podemos perder a criatividade. Ao divagarmos e nos dispersarmos em todas as direções, aparentemente sem destino, podemos encontrar a criatividade. A palavra-chave é equilíbrio - nem tão concentrados, nem tão dispersivos: concentração meditativa, para não embarcar no caos.
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A criatividade é a ordem natural da vida. A vida é a energia criativa que, quando caminha ao lado da paz, possibilita a irradiação das necessárias mudanças que podemos efetuar para transformarmos a nossa consciência e, por consequência, transformamos positivamente a consciência da Terra, harmonizando o livre fluxo dos vários elementos que trabalham juntos para permitir que fluam a criatividade e o crescimento.
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A paz é uma energia que penetra no Universo.
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A criatividade é uma dádiva que nos foi outorgada pela Divindade e, em contrapartidade, fomos feitos para dar continuidade à criatividade sendo criativos. Usar nossa criatividade é a nossa dádiva à Divindade.
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A meditação é o elo que une a criatividade à paz.
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A energia vital trabalha com contradições. Com cada movimento a vida cria seu próprio oposto, e através da integração com o seu oposto, atinge o seu objetivo. Assim também com a meditação - o objetivo pode ser atingido através do movimento na direção interna: a inspiração, a sístole e a contração. Esse movimento tende a se transformar num novo começo tomando a direção externa: a expiração, a diástole, a expansão.
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Precisamos aprender a interagir com o fluxo dialético da vida. Uma pessoa que esteja buscando um ideal de viver num estado de relaxamento através do ato de meditar, será uma pessoa diametralmente tensa. O ideal é que, primeiramente, nos tornemos a própria tensão. Que penetremos num estado de tensão ao máximo da nossa total possibilidade: levar a tensão ao auge, até sentirmos que o relaxamento se instala. Fizemos o que era possível: agora, a energia da vida cria o oposto. Através da tensão, chegamos ao ponto ótimo de onde se salta: a energia da vida se relaxará a si mesma.
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A partir desse ponto, podemos experienciar conscientemente o relaxamento instaurar-se em cada membro do corpo, cada músculo, cada nervo... Inocentemente, sem que nada seja feito da nossa parte, todo o organismo torna-se uma reunião de pontos relaxados.
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Essa consciência é meditação. Não é um ato, é nossa natureza, uma qualidade intrínseca de sermos nossa não-consciência. É uma conquista.
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Através desse esforço concentrado, podemos aprender dois passos de meditação: o primeiro, ativo, que não é exatamente meditação e, o segundo, completamente não-ativo - a consciência passiva, que é de fato meditação.
Com o tempo e a prática podemos perceber, numa certa altura do aprendizado, que a meditação se torna inútil - neste ponto, nós simplesmente pomos a meditação de lado porque já nos tornamos meditação. Então, podemos ser ativamente os expectadores passivos da nossa própria vida, palco e platéia ao mesmo tempo: uma consciência que testemunha.
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Esse é o esforço que leva ao não-esforço, é a ação que leva à não-ação, é a mente que conduz à meditação, é o próprio mundo material que conduz à iluminação. A vida é um processo dialético, seu oposto é a morte. Esse processo deve ser usado, não podemos abandoná-lo.
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Pode-se prender o dançarino, mas nunca a dança. Ela só se dissolve no cosmos.
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Norberto José Teixeira
agosto de 2003
Josana Camilo
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